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Entrevista com o elenco de "Makuxi - uma aventura na Amazônia"

  • Foto do escritor: Ana Beatriz Buarque
    Ana Beatriz Buarque
  • 16 de dez. de 2024
  • 9 min de leitura

Nesse final de semana, acontecerá o tão aguardado Espetáculo de 2024 da Balleto: “Makuxi - Uma Aventura na Amazônia”. Para marcar esse evento, convidei algumas pessoas que contribuíram para a sua construção para participarem de entrevistas. Para saber mais, continue lendo o post!

A primeira entrevistada foi a roteirista, diretora cênica, professora e coordenadora de marketing da Balleto, Bruna Bottino. Ela contou um pouco sobre o processo de criação e a história do espetáculo. Confira abaixo:

Como foi o processo para escrever um roteiro sobre um tema tão diferente?

“Bom, foi um processo de muita pesquisa. Acho que o ponto principal foi que eu me coloquei, me coloco até hoje como uma grande aprendiz da cultura. É difícil, foi bem difícil, é um tema muito importante e precisa ser falado com essa importância e também por ser um tema que não tem como você não falar sobre outras coisas, como a ancestralidade, por exemplo, cria ainda mais esse ambiente fora do comum do que geralmente estamos acostumados a ver. E passar isso para as pessoas com um entendimento de forma completa é difícil, nem todo mundo capta, porque isso varia de acordo com a experiência/vivência de cada um, então nem é algo que eu espero, mas eu torço para que todo mundo pelo menos saia de lá repensando suas ações contra ou a favor do meio ambiente do mundo, que é muito importante”.

Quais são as novidades do espetáculo desse ano?

“A grande novidade do espetáculo desse ano é que uma parte do texto virou uma música, a parte da oração. A gente teve uma produção musical que foi feita junto com o Studio Treze05 (@studiotreze05) e dirigida pelo Thiago Garcia (@thiagogarcia.tg) e está muito legal, ficou muito emocionante a música, deu muito mais poder para a cena, muito mais arte, muito mais possibilidades até das pessoas criarem essa ilusão de que toda a floresta está se movendo, uma ventania forte está acontecendo e todos esses sopros dos ancestrais estão dando força para que a floresta fique viva e permita ser terra e acolhimento de todos nós”.

O que o público pode esperar de Makuxi - Uma Aventura na Amazônia?

“Eu acho que eles precisam esperar a realidade. O espetáculo vai trazer o que precisamos pensar, estudar, e até palavras talvez nunca ouvidas, que precisaremos depois procurar para entender melhor. Ele vai trazer essa ideia de desconforto. Temos uma cena extremamente importante, que para mim é o ápice do espetáculo, que é quando os indígenas se encontram com os grileiros. Os grileiros tentam, a todo momento, demonstrar que o poder é a mesma coisa que ouro, dinheiro, riqueza e, ao mesmo tempo, destruição do meio ambiente. Já os indígenas, sem precisar usar suas lanças, conseguem, através das palavras, mostrar a importância da terra, da natureza, e de cada ser vivo presente, que a gente aparentemente não enxerga, mas que faz parte desse movimento. Até o que a gente não toca, como o ar, que apesar de invisível, também faz parte disso tudo. Então, quando a Anahí, a protagonista interpretada pela Manu, faz um chamado poderoso aos seus ancestrais e aos elementos da natureza, a situação toma uma reviravolta inesperada, levando os grileiros a reagirem com total intolerância, sem entender o verdadeiro significado do que está acontecendo. E para saber no que isso resulta, só assistindo ao espetáculo (risos)”.

E falando na personagem Anahí, uma outra convidada para dar entrevista foi a aluna Manu Amorim, responsável por interpretar a protagonista desse ano. Confira a entrevista com ela abaixo:

Como foi receber o papel de protagonista do espetáculo desse ano?

“Receber o papel de protagonista esse ano foi bem desafiador, por ser uma grande responsabilidade, mas também foi um sonho realizado! Fiquei muito feliz, e na hora até um pouco sem reação (risos)”.

Quais foram os maiores desafios ao dar vida a essa personagem?

“Um dos meus maiores desafios foi que a personagem é mais animada do que eu sou normalmente. Outro desafio foi sobre a questão das coreografias, porque, já que eu danço como personagem, não é só sobre dançar de acordo com o tema que estão demonstrando naquela dança, mas também sobre trazer um pouco da personalidade da Anahí para cada movimento”.

Qual foi a maior lição que você aprendeu com a Anahí?

“A maior lição que aprendi é que, às vezes, saindo um pouco da zona de conforto, você consegue fazer coisas que achava ser incapaz, e que, na maioria das vezes, pode ser legal, pois com a Anahí consegui ser mais expressiva, mostrando meu lado mais expansivo e animado. Foi incrível ver como cada desafio me ajudou a evoluir!”.

Já a professora de Teatro e atriz Kelly Maurelli, mais conhecida como tia Kelly, vai interpretar a Pajé Aracy. Ela contou um pouco sobre sua personagem e como foi se preparar para ela. Confira a entrevista com ela abaixo:

O que a sua personagem desse ano tem de mais diferente, comparando com as dos espetáculos anteriores?

“Esse ano vou representar uma pajé, uma personagem com mais idade que as outras. Acredito que a diferença é cultural. Precisei me inspirar em algumas personagens, como, por exemplo, a avó da Moana. E tem também a questão da espiritualidade, do conhecimento sobre a cultura indígena”.

Como foi a preparação para interpretar sua personagem?

“Assisti a alguns vídeos e foquei na avó da Moana. Vou precisar interpretar com uma voz bem diferente da minha e está sendo bem desafiador”.

Como é conciliar sua atuação com a correção das suas alunas durante os ensaios do espetáculo?

“Como eu faço parte do elenco, acaba que fica um pouco mais fácil de corrigir os erros delas, pois, na maioria das cenas, eu estou atuando com elas. A nossa troca fica mais genuína!”.

O professor Felipe Araujo, o famoso tio Felipe, fará esse ano o Cacique Tupan. Ele contou um pouco sobre a criação do seu personagem e como foi se dividir entre os ensaios do teatro e suas turmas. Confira a entrevista com ele abaixo:

Como foi seu processo de construção do personagem?

“O processo de construção do Cacique Tupan não foi difícil, não. Eu pesquisei alguns vídeos sobre cacique, sobre aldeia, sobre o jeito deles andarem, principalmente, e usei um pouco disso dentro da criação do personagem. A Bruna me ajudou muito com a voz, para deixar minha voz o mais natural possível e um pouquinho grave, com um pouco de animação. A gente também teve um pouco de laboratório com a Manu, com a personagem da Manu, para ajudar a criar esse vínculo dos personagens, que é importante, então foi um processo bem tranquilo. A diretora Bruna ajudou muito, me tranquilizou muito e foi bem gostoso esse processo de construção!”.

Como foi conciliar esse ano a atuação com as suas turmas?

“Esse ano eu achei um dos anos mais difíceis de conciliar a atuação do personagem com as coreografias das minhas turmas, principalmente porque eu tenho mais turmas esse ano do que a última vez que eu atuei, que foi no 'Floresceu no Velho Oeste', e o cacique requer um cuidado. Não que o xerife do 'Floresceu' eu fizesse de qualquer jeito, não é isso, mas com o Cacique Tupan eu tive um pouco mais de dificuldade com a memorização de falas, não sendo ator, né, sendo bailarino, então foi mais difícil e mais delicado esse processo. Então eu me senti um pouco mais cansado, um pouco mais ansioso para poder dar o meu melhor nos dois. E acredito que eu vá conseguir e que vá dar tudo certo, mas foi bem complicado conciliar”.

O que o público pode esperar do seu personagem e do impacto dele na história?

“O público pode esperar bastante emoção, bastante força, bastante representatividade, ancestralidade indígena. Ele tem um impacto muito forte na história toda, então podem esperar um personagem bem forte, que vai ficar bem marcado e bem memorizado”.

Uma outra novidade esse ano é que alguns personagens serão interpretados por duas pessoas, que se alternarão de acordo com cada sessão. Um desses casos é com a personagem Naiara, que será interpretada pelas alunas Clara Amorim e Catharine Canedo. Elas compartilharam um pouco sobre essa divisão e os desafios enfrentados para dar vida à Naiara. Confira a entrevista com elas abaixo:

Como tem sido para vocês dividir a mesma personagem?

Clara: “Eu nunca tinha dividido o papel com ninguém, então está sendo uma experiência muito única! Dividir o papel, ao mesmo tempo que é muito bom, também tem seus desafios, por exemplo: pegar marcações iguais, intenções iguais e ter o mesmo pensamento de uma única personagem”.

Catharine: “Acho que um grande desafio é o fato de as duas terem que igualar as emoções, as reações, os movimentos, etc… mas também está me trazendo muitos aprendizados que com certeza vou levar para a vida!”.

Quais os maiores desafios ao interpretar uma personagem mais velha do que vocês, como é o caso da Naiara?

Clara: “Para mim, o maior desafio foi a fala. Falar como uma pessoa mais velha requer falar devagar, o que era um grande problema, mas com o tempo fui me acostumando. Além disso, é necessário ter uma voz mais imponente! Também tiveram outras questões, como as intenções que normalmente expresso no dia a dia, que não se aplicam à Naiara, por ela ser mais velha, mas isso só foi resolvido com muito estudo”.

Catharine: “Sair totalmente da minha zona de conforto e me colocar com a postura, tom de voz e jeito de uma pessoa totalmente diferente de mim em todos os aspectos”.

Ao interpretar uma cena de intolerância religiosa, como vocês se prepararam para transmitir essa emoção “do zero”?

Clara: “Nessa cena, tivemos um preparo geral antes de fazê-la! Estudamos a respiração, nossas emoções e nosso corpo. O que eu estudei para sentir a repulsa foi o racismo, porque já vi muitos casos perto de mim e sempre senti repulsa! E esse é o sentimento que eu tinha que aplicar naquela cena. Nunca tinha visto um caso de intolerância religiosa próximo de mim, então interpretar aquilo também foi me informar mais! Nos primeiros ensaios, foi muito difícil; eu chorava muito. Mas, conforme o tempo passou, entendi que eu, Clara Amorim, nunca faria isso, mas eu, a atriz, teria que interpretar essa cena!”.

Catharine: “Quando eu li a cena pela primeira vez, eu já sabia que não ia ser nem um pouco fácil. Então, eu comecei entendendo pouco a pouco sobre a cena, o peso que cada fala e ação iriam precisar, e principalmente sobre a minha interpretação. Assistir algumas cenas de novelas que também transmitem a mesma ideia sobre a cena foi um meio que me ajudou bastante para criar toda a emoção e postura que a cena precisa”.

E para finalizar, convidei as alunas Thayane Gonçalves, Cecília Garnier, Zulya Vercezes e Maria Luísa Reis, que interpretam os Grileiros no espetáculo. Elas contaram os desafios ao interpretar um personagem masculino. Confira a entrevista com elas abaixo:

Quais os maiores desafios ao interpretar um personagem masculino, tendo um homem como o tio Felipe em cena, com o risco de se comparar à interpretação dele?

Thayane: “Eu acho que os meus maiores desafios por interpretar um personagem homem são ter que me destrinchar dos meus instintos femininos, mexer na voz, na postura, no jeito de agir, etc. Porque, querendo ou não, é muito diferente do nosso estilo, e eu acho que, por ter o tio Felipe em cena, é muito difícil ter que comparar forças com ele. Até porque, querendo ou não, o tio Felipe é um homem adulto e, por isso, ele é muito mais forte do que a gente. E ter que estar na mesma posição dele é bem desafiador, pois, além de mulheres, somos meninas muito novas, e estar interpretando um homem muito mais velho do que a gente acaba sendo um desafio. Mas está sendo super tranquilo e divertido, com a orientação que estamos tendo da Bruna e também do Felipe. Com certeza, é uma experiência incrível para mim como artista!”.

Cecília: “Então, não é uma coisa fácil de fazer, principalmente pelo fato de eu não ter trejeitos de homem e também por ter que me adaptar a agir como um. Apesar de difícil, eu estou achando bem legal e uma experiência muito interessante para mim como artista. Sobre ter um homem em cena, o maior desafio é o fato de eu e minhas amigas, que também interpretam homens, não termos a mesma força que o tio Felipe tem, e isso, de uma forma ou de outra, faz com que a gente se compare com ele.

Mesmo assim, estou me esforçando muito para esse papel e espero que todos gostem!”.

Zulya: “Os maiores desafios são as vozes grossas que saem do nosso cotidiano e acabam dificultando a cena”.

Malu: “Eu acho que foi bem difícil, primeiro, desassociar as nossas características e personalidade de pessoa do sexo feminino para o sexo oposto. Porém, a gente foi muito bem instruído pela Bruna. Acho que, se a gente não tivesse sido tão bem dirigido como foi, teria sido muito mais difícil. Em relação à parte com o Felipe, acho que, para mim, foi a parte mais desafiadora desse espetáculo, porque, quando a gente está no papel de mulher em cena com ele, não precisamos estar no mesmo nível de força e intensidade, pois somos de gêneros diferentes e papéis com valores diferentes, no contexto desse espetáculo. Mas, quando a gente está no mesmo gênero que ele, temos que passar a mesma força e intensidade, então é muito mais difícil. Mas também é um processo que a gente vai ensaiando, se conhecendo corporalmente, vamos pegando o jeito para ficar mais realista, vamos vendo onde machuca, onde é bom para fazer, e, como eu disse, com o passar dos ensaios, fica tudo mais fluido e natural”.

Esse foi o post de hoje! E também o último post do ano 🥹

Deixo aqui o meu muito obrigada a todos que acompanharam o blog durante o ano🫶🏽

Ano que vem tem mais! Boas festas a todos!

Agora, se inicia a contagem final para o tão aguardado espetáculo “Makuxi - Uma Aventura na Amazônia”!!!!! Vai ser lindooooo 🍃☀🌿🐆🦜💦🔥💨🪹

 
 
 

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